Em meio a um cenário global de crescente preocupação com o meio ambiente, as questões sociais e a governança corporativa, as empresas brasileiras vêm acelerando seus esforços para incorporar práticas de ESG – Ambiental, Social e Governança – em seus modelos de negócio. Uma pesquisa recente, realizada entre março e maio de 2024 com 401 empresários de médias e grandes empresas, traça um panorama sobre a maturidade dessas práticas no país.

A Jornada da Sustentabilidade

O estudo, que representa a única investigação de sua natureza com amostra representativa da economia brasileira, aponta que a “jornada de sustentabilidade” está em constante evolução. As organizações não buscam apenas atender a regulamentações e expectativas dos stakeholders, mas também garantir a própria sustentabilidade e promover um impacto positivo a longo prazo na sociedade e no meio ambiente.

Engajamento de Stakeholders

Um dos pontos fortes identificados pela pesquisa é o engajamento de stakeholders. Cerca de 59% das empresas já realizam o mapeamento dos seus públicos de interesse, registrando um avanço de 12 pontos percentuais em relação a 2021. Esse mapeamento é fundamental para compreender as necessidades dos clientes, colaboradores, fornecedores e da comunidade, permitindo o desenvolvimento de processos de engajamento que fortalecem a confiança e melhoram o relacionamento com esses grupos.

Estratégia e Contexto de Sustentabilidade

No que diz respeito ao contexto de sustentabilidade, 51% das empresas afirmam ter uma estratégia formal. Essas iniciativas estão cada vez mais alinhadas a acordos internacionais, como o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, demonstrando que a preocupação com o meio ambiente e com questões sociais ultrapassa fronteiras e se consolida como uma demanda global. A adoção dessas práticas contribui para a redução de riscos, a inovação e a atração de talentos, fatores essenciais para a competitividade no mercado atual.

Consistência dos Compromissos

Apesar dos avanços, o levantamento aponta desafios significativos na consolidação da agenda ESG. Apenas 39% das empresas contam com uma estrutura formal dedicada à gestão ESG, e somente 27% realizam avaliações de materialidade – processo que identifica e prioriza os temas mais relevantes para o negócio e seus públicos. Essa lacuna indica que, embora haja uma tendência positiva, muitas organizações ainda precisam integrar de forma mais profunda as práticas sustentáveis em sua cultura e operações.

Perspectivas para o Futuro

A evolução das práticas ESG no Brasil reflete uma mudança de paradigma: de meras iniciativas pontuais para a incorporação de uma mentalidade de sustentabilidade em todos os níveis da organização. Especialistas apontam que, para que os benefícios se concretizem de maneira plena, é necessário que as empresas invistam na estruturação interna, na definição de metas socioambientais e na integração das práticas ESG com a estratégia global do negócio.

Enquanto os números mostram progresso, o desafio é consolidar essas práticas de forma consistente e abrangente, garantindo que a sustentabilidade deixe de ser um diferencial e se torne parte intrínseca da identidade corporativa. Afinal, o fortalecimento da agenda ESG não só contribui para um mundo mais equilibrado, mas também promove a resiliência e o sucesso a longo prazo das empresas.

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