Manchete: Estudos recentes revelam que, nas últimas seis décadas, o Brasil registrou um aumento de 642% no número de dias com ondas de calor, passando de uma média de 7 dias por ano entre 1961 e 1990 para 52 dias anuais entre 2011 e 2020.

Nas últimas décadas, o Brasil tem testemunhado um aumento expressivo na ocorrência de ondas de calor. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, entre 1961 e 1990, o país registrava, em média, sete dias anuais com ondas de calor. Esse número saltou para 52 dias por ano no período de 2011 a 2020.

Causas do aumento

Esse fenômeno está relacionado a diversos fatores climáticos:

• Mudanças climáticas globais: O aquecimento global tem intensificado eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor mais frequentes e severas.
• Fenômeno El Niño: Caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o El Niño influencia o clima global, contribuindo para o aumento das temperaturas no Brasil.
• Bloqueios atmosféricos: Sistemas de alta pressão que impedem a movimentação de massas de ar, mantendo o ar quente estagnado sobre determinadas regiões e elevando as temperaturas.

Impactos na saúde e na sociedade

O aumento das ondas de calor traz consequências significativas:

• Saúde pública: Entre 2000 e 2018, mais de 48 mil mortes no Brasil foram atribuídas a ondas de calor, superando em mais de vinte vezes o número de óbitos por deslizamentos de terra no mesmo período.
• Agricultura e pecuária: Altas temperaturas afetam a produtividade agrícola e o bem-estar dos animais, resultando em prejuízos econômicos.
• Recursos hídricos: Períodos prolongados de calor podem reduzir a disponibilidade de água, impactando o abastecimento e a geração de energia.

Medidas de Adaptação e Mitigação

Diante desse cenário, é crucial adotar estratégias para minimizar os efeitos das ondas de calor:

• Políticas ambientais: Implementação de ações que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e promovam a sustentabilidade ambiental.
• Infraestrutura urbana: Desenvolvimento de projetos que aumentem as áreas verdes nas cidades, contribuindo para a redução das temperaturas locais.
• Educação e conscientização: Campanhas informativas sobre os riscos das ondas de calor e medidas preventivas para a população.

A compreensão das causas e impactos das ondas de calor é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e para a promoção de práticas sustentáveis que possam mitigar os efeitos adversos desse fenômeno no Brasil.

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Texto escrito por: Michel Gejima, meteorologista do C3